REFLEXÕES SOBRE O TEXTO: TEORIA DA SAÚDE POR: MARIA JOSÉ ETELVINA SANTOS
ESTUDOS SOBRE CONCEITOS DE SAÚDE, DOENÇA, CUIDADO, RISCO (e correlatos)
CAPÍTULO I – PRÓLOGO
AUTOR: NAOMAR DE ALMEIDA FILHO
O texto prólogo do professor Naomar de Almeida Filho nos remete a reflexão sobre o conceito de saúde que ao longo de seu corpo teórico esclarece que não existe de fato uma definição que abranja e satisfaça a complexidade do tema. Enfim, todos querem saber o que é saúde. Segundo o autor não há esforços significativos na produção deste saber, entretanto , modelos biomédicos de patologias são desenvolvidos massivamente, mesmo sendo vago e generalista, muitas vezes correspondendo a alguns poucos casos e outros não, parece que a ciência para a saúde é inexata e aleatória, pois vários modelos citam fatores de risco para a causação dos agravos quando de fato em muitos casos aqueles fatores de risco citados não estavam presentes, quando por exemplo citam o cigarro como a causa do câncer de pulmão e sabemos de casos de pessoas que nunca fumaram e foram acometidos de câncer de pulmão ou fumaram a vida toda e não foram acometidos por esse agravo. Ao que parece os profissionais de saúde não sabem definir saúde porque também não sabem o que é doença nem sua causa, nem seu percurso, nem seus estágios, combatem os sintomas, não sabem prevenir porque desconhece as causas que geram as enfermidades.
Partindo do pressuposto de que para se saber o que é saúde é necessário compreender o que é doença, apresento neste texto, os conceitos de saúde e doença definidos pelo médico alemão Ryck Geerd Hamer, que desenvolveu na década de 70 uma nova abordagem em saúde chamada de Nova Medicina Germânica, e, que na Europa, especificamente na Espanha é chamada de medicina sagrada.
Hamer descobriu que a doença não existe enquanto desordem celular ou se refere à ação no organismo de células enlouquecidas ou de agentes patógenos que acometem o indivíduo a sua revelia e em qualquer época de sua vida, mas que a doença é um programa biológico carregado de sentido e que tem como objetivo proteger o indivíduo de conflitos e estresse que o afetam cotidianamente e que ameaçam a sua sobrevivência.
A doença é um programa criado pela Natureza, que surge ao longo da evolução da espécie e que possui um sentido biológico, que é a superação de um obstáculo que ameaça a sobrevivência da espécie.
Neste sentido, entendemos que a doença é um programa criado pela natureza e de nenhuma maneira é algo casual ou um erro. A natureza nunca se equivoca. As manifestações físicas e mentais foram criadas no curso da evolução e inscritas no cérebro para serem usadas em situações especiais. Muitas delas ajudaram muito em determinados períodos da evolução dos seres vivos e se reativam somente quando ocorre um conflito biológico.
A doença possui um claro sentido biológico que é a superação de um obstáculo que ameaça a sobrevivência do indivíduo: É necessário repetir que a natureza nunca comete erros, tudo o que faz possui um sentido, ainda que não compreendamos ou ainda que esse sentido pareça contrário a lógica humana. Enfim, a doença surge no ser vivo, quando sua sobrevivência está ameaçada por uma situação pelo qual o indivíduo não encontra solução imediata, então, o cérebro procura uma solução na memória celular dos antepassados e dá a solução ao conflito pelo qual o indivíduo não conseguiu resolver.
Os três operadores fundamentais.
Antes de aprofundar estes conceitos, devemos conhecer três operadores que permitirão uma melhor compreensão do que entendemos que seja a doença.
O primeiro deles, é o que chamamos de lei biológica e que se expressa da seguinte maneira: "Toda tensão celular que não se descarrega adequadamente, volta a sua fonte de origem e se descarrega ali".
Sabemos que as células são fontes de tensão permanente desde sua formação, iniciada com a fecundação do óvulo. Embriologicamente, a única maneira da célula descarregar essa tensão, é a diferenciação, ou seja, seu crescimento e especialização nas distintas funções de cada tecido e órgão. Qualquer obstáculo a sua diferenciação, gera aumento na tensão da célula que impossibilitada de especializar-se permanecerá primitiva e isolada das demais, porém mantendo sua tensão até ser dissipada e retornar ao grupo de forma especializada, quando o indivíduo consegue resolver o conflito.
Quando a célula passa pela etapa, a tensão celular que não descarregou terá outra saída, que é a descarga psíquica. Se houver obstáculos em sua função, o mecanismo embriológico reativa e só é possível a descarga somática (o crescimento indiferenciado).
O segundo operador que é a Lei psicológica, que se expressa da seguinte forma: "Todo ser vivo está obrigado a buscar incessantemente, sem consegui-lo plenamente, o que deseja ser e por sua vez está condenado a viver constantemente o que recusa ser".
Podemos dizer que esta lei é semelhante a anterior, uma vez que tudo o que se recusa (o que não se descarrega) obriga a célula a rejeitar.
A doença, de acordo com a segunda lei, seria uma tentativa dramática de resgatar do esquecimento as contradições fundamentais do ser humano e trazê-las à tona para serem resolvidas e harmonizar-se com as crenças e coerência humanas.
O terceiro operador para abordar a doença, é chamado Lei Férrea do câncer ou primeira lei da Nova Medicina Germânica. Esta lei explica que: "Toda doença é produzida por um conflito biológico". Neste sentido há três critérios a considerar:
Primeiro critério: toda doença surge de uma DHS, quer dizer, uma situação surpresa, subjetivamente dramático e vivido na solidão. Este DHS ou evento desencadeante é o que vai ativar os programas cerebrais do adoecimento. A situação em si, não provoca a doença, apenas é capaz de ativar traumas irrepresentáveis que são inconscientes ao sujeito. São os traumas significativos pré-verbais que atuam sobre as células que partilham da mesma realidade.
O segundo critério, Hamer: "No momento de uma DHS se instala sincronicamente uma alteração celular em um órgão e uma modificação cerebral que pode ser observada através de uma TAC cerebral". O evento (DHS) que não pode ser verbalizado, ativa fenótipos latentes cujo sentido é superar um obstáculo e que ameaça a sobrevivência do indivíduo.
A pesquisa médica do Dr. Hamer está firmemente ligada à ciência da embriologia, porque se o órgão responde a um conflito através do crescimento de um tumor, através da lesão de um tecido, ou através de dano funcional, é determinado pela camada embriônica do embrião, que tanto o órgão quanto o tecido correspondente do cérebro se originam. (Terceira Lei Biológica).
Enfim, partindo destes pressupostos, compreende que a doença é um programa biológico legado por nossa evolução para sobrevivermos a um conflito abrupto e inesperado pelo qual não conseguimos resolver e por conseguinte é ativado no cérebro para nos proporcionar mais tempo para solucioná-lo, sendo assim, fica claro que não há doença como a temos definido ao longo dos tempos através dos estudos da medicina convencional, não é um erro da natureza, um desvio, efeito de células enlouquecidas que nos acomete sem motivo nem causa aparente, ao contrário há um sentido para que ocorra, há uma lógica que a natureza nos garante para manter a nossa sobrevivência. Sendo assim, podemos definir saúde como a mensagem que a “doença” nos incita a refletir sobre nossos padrões de comportamento para mudarmos, a saúde é confrontarmos com o que a doença nos sinaliza enquanto obstáculo a viver plenamente os requerimentos que a vida nos cobra e que por conta da sociedade pagamos um preço muito alto e negamos as respostas e resoluções que a doença nos possibilita compreender para então mudar e ser plenamente o que devemos ser ou desejamos ser. A doença é um programa criado pela Natureza, que surge ao longo da evolução da espécie e que possui um sentido biológico, que é a superação de um obstáculo que ameaça a sobrevivência da espécie. A doença não é mais que o resultado de um processo de reparação e adaptação nova e geral de um programa básico da mãe natureza frente a uma agressão séria do qual o indivíduo não conseguiu solucionar. Em resumo, a doença é uma crise de cura, e, portanto nossa aliada e possui um claro sentido biológico, que é a superação de um obstáculo. Quando estamos de bem com a vida, felizes, satisfeitos, não adoecemos, apenas quando nos vemos frente a uma ameaça a nossa integridade, que seja, desemprego, solidão, abandono, separação, medo de morrer, de estar só, de passar fome, desamparo, rigidez nas crenças, resistência em aceitar as coisas como elas são, inflexibilidade ante a vida, ameaça em seu território ou perda de território, desejos insatisfeitos, “pedaços” difíceis de serem digeridos, desvalorização ou autodepreciação por parte de familiares ou até de si mesmo, sentir-se preterido, sentimentos de menos valia, segregação, discriminação, incompreendido, chocado, abusado, atacado, desrespeitado, prófugos...tudo isso ativa um programa especial legado pela natureza para sinalizar-nos que naquele ponto precisamos melhorar e aprender a lidar com aquela situação específica. Por que nunca a medicina considerou que se tais sentimentos existiam em nosso arcabouço humano deveria ser para alguma coisa? não podemos imaginar que as emoções e sentimentos não servem para nada e que devemos esquecer ou superar tal artefato de nosso corpo. Tudo está integrado e se existe em nossa vida é porque possui um significado, mesmo que não compreendamos para que exista. Este pesquisador conseguiu descobrir através da embriologia e da teoria da evolução o significado de cada órgão na existência humana e seu conteúdo psicológico, por isso, a depender do conteúdo do conflito determinado órgão será afetado e não outro ou qualquer um dos órgãos existentes no corpo humano, se o conflito foi de medo de morrer, vai ser o pulmão que será ativado porque seu sentido psicológico é a vida e não outro órgão que será afetado e assim por diante.
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